A parada romântica mais clichê na Itália, sem dúvida é Veneza, veja se estamos enganados, mas é só a gente pensar nesse destino que vem logo aquela imagem das gondolas em meio aos canais, um som de violino, iluminação baixa, tranquilidade, um jantar a luz de velas, é por aí? Bem, a Veneza de verdade é um pouco diferente.
Pegamos um trem em Milão com destino a Veneza, incrivelmente o trem já nos deixa às portas da cidade. Aqueles super solícitos carregadores já se prontificam para carregar suas malas, peritos que somos, dispensamos o serviço, eles até se surpreenderam com a nossa disposição.
“Liga pro Mário aí”. Quem disse que o tal Mario respondia? Sim, viagem sem imprevisto, não é uma boa viagem. De cara pra cima, cheios de bagagem e sem um teto, o panorama não era o mais animador. Nosso Airbnb simplesmente sumiu, embora tenhamos feito a reserva seis meses antes e o bendito anfitrião confirmado nossa estadia, em pleno dia D ele não nos atendeu nem compartilhou a localização exata. Resultado? Abrimos o Couchsurfing – plataforma de viajantes que se dispõe a compartilhar experiências, prover acomodações, encontros e atividades, enfim, um recurso para viajantes se enturmarem em qualquer lugar do mundo. Para nosso azar não conseguimos nenhuma acomodação por lá partimos para o Airbnb de novo, a expectativa era encontrar preços altíssimos, afinal, semana santa, mas por sorte não foi isso, achamos uma anfitriã disposta a nos acomodar, por um preço razoável pelos próximos dois dias.
Tínhamos ao menos uma hora até que o quarto estivesse pronto, tempo para arrastar mais malas, conhecer a cidade e tomar café/almoçar. Voluntariamente e involuntariamente algumas vezes ainda fazemos o jejum intermitente, quando a primeira refeição é na hora do almoço. Estávamos famintos nesse dia, consultando o Google, buscamos os restaurantes mais próximos e de melhores referências. A construção coletiva baseada em comentários reais é muito auxiliadora quando você quer escolher onde e o que comer. Tínhamos na área três restaurantes, só comparar os cardápios para escolher um.
Nosso primeiro almoço a lá Venezia foi muito reservado, muito embora tenhamos preferências por locais mais movimentados, que possivelmente indicam que o lugar é bom, nesse restaurante éramos os únicos presentes, o metre nos apresentou as nossas opções, a essa altura já estávamos expert no jeito italiano esfomeado de comer, foi fácil fazer os pedidos, ainda mais por que o garçom tinha uma paciência e também falava devagar para facilitar a compreensão no Queen Restaurant. Comida boa e farta correspondeu a expectativa, no tempo certo para irmos a nossa acomodação, o pessoal foi super cortês, ajudando-nos com a bagagem, colocando-as em um lugar reservado.
Nossa hospedagem foi bem pertinho da Ponte Rialto, um cartão postal veneziano, chegar até lá foi um city tour, desvendamos a cidade e alguns preconceitos já foram desfeitos. A cidade é romântica? Sim, mas sua carga cosmopolita não a deixa atrás de nenhuma grande cidade brasileira, as ruas repletas de turistas, lojas cheias, grandes marcas, não lhe falta nada. Nosso passeio durou 15 minutos.
Malas acomodadas, barriga cheia, passo de estrada pra conhecer o máximo. Aquela sensação de ser uma ilha, cria uma falsa ilusão de que seria fácil conhecer toda a cidade, mas o desbravar pelos sem fins de ruas mostrou a Veneza gigante, pelo menos para nossa expectativa. Tantas pontes, escadas, becos estreitos e as vezes mau iluminados e ainda assim, toda a tranquilidade e segurança que se pode esperar da Europa. Em dois dias, vimos apenas 4 policiais, a ausência da presença policial não nos tirou a sensação de segurança, especialmente por não haver registros de violências a tempos.
Não passeamos com as gôndolas. Sinceramente não nos atraiu, primeiro pelo preço, eram duas opções, ou em grupos de 6, onde cada um pagaria 60 euros, ou o clássico romântico para o casal a preço de 200 euros. Em rápida conversão, é descabido investir quase mil reais numa experiência de trinta minutos. É como andar numa canoa “gourmetizada”. Na polpa da embarcação, trajado com o tradicional uniforme veneziano, camisa de listras horizontais pretas, calça preta e as vezes um chapéu. Ao centro da gondola, havia algumas pequenas diferenças, a similaridade estava no banco para dois de frente para a proa, as demais acomodações eram improvisadas, em bancos soltos que variavam de acordo com a quantidade de pessoas na viagem. Na proa da gondola, um símbolo metálico veneziano adornava todas as gondolas. O percurso também variava, mas o intuito era o mesmo, mostrar ao turista uma perspectiva da rua aquática. Alguns as usam como transporte de fato, mas não era comum, para isso haviam os táxis aquáticos, barcos a motor, com melhor estrutura e mais espaço que cortavam os canais conduzindo passageiros e pertences. Por falar em transporte, também tem o Vaporetto por lá, é uma espécie de metro aquático, com estrutura de estações e tudo mais, catracas, bilheterias eletrônicas, já esse leva você a qualquer parte de Veneza, inclusive para fora dela. A gente também não usou esse serviço.
Turistar em Veneza é delicioso, cada esquina parece um quadro, a arquitetura, as cores e formas, dão a cidade seu jeito peculiar, especialmente tendo como plano de fundo os variados canais. Vimos dezenas de excursões, mas o que mais chamou atenção, foi o número de crianças, era incrível como desde a mais tenra idade, aos maiores e os adolescentes, estavam espalhados e a vontade, as vezes com os pais, as vezes com eles mesmos, experimentavam também a sua versão de Veneza. O que não vimos na cidade foram cadeirantes, é explicado pela acessibilidade limitada que a natureza da cidade implica, víamos os pais com dificuldades nos carrinhos de bebê, quanto mais.
Dois dias foi pouco para conhecer toda a cidade, olha que nos esforçamos, andando mais de 15km cada dia, não teve jeito, ficou o gostinho de quero mais. De Veneza partimos para Empoli, Pisa e Florença no passodestrada, lá pelo nosso instagram @passodestrada estamos publicando cada paradinha e cada lugar dessa viagem, segue a gente.